2 anos e muitos blás depois

      Acordei de um sono chapado, daqueles em que você deita e é como se cinco minutos depois acordasse. Levantei, ainda com dificuldade de abrir os olhos. Olhei o presente mural de fotos. Benditas fotos. Lá estão petrificações dos referentes que de alguma forma foram, são e serão importantes durante o tempo em que me aguentarem por aqui.
Olhei pra elas, e me vi passando pelos dois anos que me levam até este hoje. Entendi que a coisa mais importante para mim aconteceu: Tudo o que eu quis, eu alcancei.
De uma certa maneira faltou algo(que cabe em um outro post), mas no apanhado geral, sim, eu consegui.
      Quando eu era moleca, crescendo e aprendendo, chegando na "aborrescência", tinha dúvidas se algum dia eu chegaria a algum lugar, como quase todos nós imagino, mas aquilo que para muitos seria normal, tomou uma conotação gigante dentro da minha cabeça. Decidi que eu queria mais, então, fiz de cada ponto chave do meu caminho uma operação de guerra.


      O primeiro ponto foi a familia. Para você que lê, eu não sei, mas para mim, transcende as relações pais x filhos x parentes. Tenho em minha casa uma base tão sólida de companheirismo, determinação e amor que provavelmente é um dos motivos pelos quais estou aqui.
     O segundo, meu pai. Sim, falei da família mas o meu pai é um caso a parte. Num determinado momento eu quis saber porque mesmo depois de abandonar minha mãe, e desta ter pedido para que ele não se esquecesse da filha, o fez. Eu sempre estive lá e nada nem ninguém (a não ser ele e sua consciência) o impediam de estar comigo, jamais. Vivi cada dia dos pais da minha infância e até uma parte da adolescência me perguntando porque ele não me amava. Cheguei a conclusão que o 'causo' nunca foi comigo e constatei isso em 2007quando o conheci...
      Terceiro, minhas convicções. Soa bonito pelo menos. Uma das coisas mais interessantes de se perceber quando se olha para trás é como sua fé muda(e não falo sobre religião). Tantas 'idiotices' que levei em consideração, tanto que acreditei nas outras pessoas, tanto...tanto...
      Quarto, o material. Minha familia foi pobre. O meu bisavô era rico, não eu. Não posso viver sobre seu nome, é injusto, é desleal. Uma desonra à sua memória. Ele era rico porque trabalhou até o que não pode para que os filhos tivessem o melhor. Meu avô, fez o mesmo, Meus tios e minha mãe fizeram o mesmo. Eu descobri o sentido  quando aprendi a trabalhar e a dar valor a isso.
      Quinto, meus sonhos. Esse foi o que definitivamente me trouxe até aqui. Eu queria ser a melhor filha, queria ser um exemplo, queria admiração, mas em troca disso, por muito tempo suprimi toda minha vontade. Até o dia em que acordei e vi que ninguém viveria a minha vida. Foi o momento mais sublime que presenciei. Quis mudar o mundo, o meu. E arrancar as raízes de uma Dandara que todos conheciam foi deveras difícil. Mas fiz. Percebo que fiz o que muitos dos meus sempre quiseram, escolhi um caminho diferente e aproveitei tudo o que me foi oferecido com toda vontade que tinha. Para uns eu olho e vejo resignação, em outros inveja, talvez. Mas a todos eu tento passar a mensagem que eu achei nas linhas da minha história: Se em você não existe fé, em você não existe nada.